Banco Central do Brasil apresentará inovações em tokenização

O Banco Central do Brasil anunciou que realizará, em parceria com a Fenasbac, o LIFT Day 2025. Esse é um evento que reforça o compromisso do regulador em impulsionar avanços tecnológicos para o sistema financeiro nacional. O LIFT (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas) faz parte da Agenda BC#.

Ele ganhou cada vez mais importância desde 2018 e hoje é um ponto de encontro para especialistas e empreendedores focados em blockchain, tokenização, finanças descentralizadas e soluções de pagamento. Além de fomentar tecnologias como o Pix e o Drex (moeda digital do Brasil), o LIFT Day 2025 apresenta estudos.

Conduzidos pela Polkadot, Ripple e outras instituições acadêmicas, esses estudos sobre interoperabilidade de blockchains, um conceito que busca integrar diferentes redes para facilitar transações mais rápidas, seguras e eficientes, são muito úteis para o setor. O interesse em ativos digitais no Brasil vem crescendo muito.

Segundo dados mais recentes da Receita Federal, mais de 2 milhões de brasileiros declararam posse de criptomoedas em 2024. Essa alta reflete tanto a popularização de moedas consolidadas como Bitcoin e Ethereum quanto o surgimento de novas criptomoedas para investir que oferecem propostas e funcionalidades diversas.

Não é por acaso que o BACEN tem buscado estabelecer uma infraestrutura adequada para receber esse ecossistema com normas de compliance e incentivo à inovação.

Banco Central do Brasil apresentará inovações em tokenização

Inovações que serão apresentadas no LIFT Day 2025

O LIFT Day 2025 acontecerá em 30 de abril, na sede do Banco Central em Brasília. Reguladores, líderes de instituições financeiras e empreendedores de tecnologia irão debater soluções já em prática no mercado e projetos-piloto selecionados pelas edições anteriores do programa.

De acordo com o próprio Banco Central, um dos principais temas a ser abordado é o compliance e a prevenção à lavagem de dinheiro. O foco é garantir que novas soluções sigam padrões internacionais de segurança e que os participantes do mercado possam utilizar tecnologias blockchain de forma transparente.

Ferramentas de análise de transações e identificação de usuários (KYC – Know Your Customer) são essenciais para resguardar o ecossistema de práticas ilícitas. O gateway de interoperabilidade será outro tópico do evento. O aumento da adoção de múltiplas redes blockchain impõe o desafio de integrar diferentes protocolos e plataformas.

A ideia é viabilizar transações que fluam livremente entre blockchains, reduzindo custos operacionais e aumentando a eficiência. A GreenFi, finanças descentralizadas para a sustentabilidade também estará presente nas discuções. Dentro do LIFT Lab 2023, projetos de DeFi (finanças descentralizadas) foram analisados sob uma ótica ambiental.

A proposta é utilizar blockchain e contratos inteligentes para financiar iniciativas sustentáveis, garantindo transparência sobre o uso de recursos e resultados ambientais. Já o projeto Know Your Customer para rating de crédito em blockchain explora como tecnologias distribuídas podem melhorar a análise de crédito ao reduzir processos burocráticos e validar dados em múltiplas bases, tudo de forma rápida e segura.

Por outro lado, com o Pix já consolidado como uma das modalidades de pagamento preferidas dos brasileiros, a score chave Pix visa avaliar a reputação financeira dos usuários a partir de suas transações, de modo similar a um score de crédito. É uma forma de impulsionar a inclusão financeira e a confiabilidade nas operações digitais.

E ainda haverá espaço para a SmartSafe, uma solução que utiliza blockchain para armazenar dados sensíveis e documentos importantes, permitindo recuperação de informações apenas por meio de chaves digitais específicas, aumentando a segurança do usuário final.

Empresas como Polkadot e Ripple, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também estão pesquisando formas de conectar diversas blockchains, ampliando a interoperabilidade e reduzindo o tempo de transação. No LIFT Day 2025, o resultado desses estudos será demonstrado, evidenciando cases que podem inspirar bancos e fintechs a adotarem padrões de comunicação mais universais.

O papel da tokenização no mercado financeiro brasileiro

A tokenização é o processo de converter direitos sobre um ativo em um token digital registrado em blockchain. Esse ativo pode ser um imóvel, um título de dívida, commodities ou até direitos de propriedade intelectual. No Brasil, diversas instituições financeiras e startups já iniciaram projetos de tokenização.

Isso revela uma tendência de modernização impulsionada pelo BACEN. O token do agronegócio garantido é um deles. Direcionado a um dos setores mais importantes da economia brasileira, essa iniciativa foca em tokenizar ativos do agronegócio para facilitar financiamentos, negociação de dívidas e até exportações.

O agronegócio representa cerca de 24% do PIB brasileiro (conforme dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o que reforça a importância de soluções modernas e eficientes neste campo. A tokenização permite fracionar ativos em “partes menores”, facilitando o acesso de pequenos investidores.

Além disso, a transparência e a rastreabilidade das transações em blockchain reduzem riscos e burocracias. Um relatório da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs) apontou em 2024 que o número de soluções financeiras baseadas em blockchain cresceu cerca de 40% em relação ao ano anterior, refletindo o apetite do mercado por tecnologias inovadoras.